terça-feira, 27 de agosto de 2013

Imigrantes Japoneses: Alimentos trazidos ao Brasil

Alimentos trazidos ao Brasil pelos japoneses
Desde que chegaram por aqui, em 1908, os japoneses se espalharam pelo país. Apesar de muitas famílias se aglomerarem em colônias (como em São Paulo e no Paraná), depois de 100 anos de imigração, há famílias japonesas vivendo do norte ao sul do país. Aos poucos eles foram se misturando aos brasileiros e, assim, formaram famílias nipo-brasileiras, que nos presentearam com milhares de nikkeis (cidadãos brasileiros com descendência japonesa).
No total, os japoneses trouxeram mais de 50 tipos de alimentos ao Brasil. Pensou em um festival de sushis e sashimis? Pense maior. Os primeiros provavelmente foram as variedades de caqui doce (por aqui só existia uma versão adstringente da fruta, do tipo que “amarra a boca”), a abóbora do tipo cabochá (aquela que usamos para fazer doces) e a maçã Fuji (o nome entrega né? Chegou aqui em 1971). A mexerica poncã é quase uma fruta “nikkei”: é o resultado do enxerto de um tipo de tangerina japonesa em um limoeiro do Brasil e chegaram aqui nos anos 20.
Mas foi a partir da década de 1930 que a maioria dos novos gêneros aportou por aqui. O cenário era favorável aos agricultores japoneses: comprando ou arrendando lotes de terras das fazendas cafeeiras falidas após a crise da Bolsa de Nova York, os pequenos proprietários dedicaram-se a uma variedade de culturas que não eram populares no Brasil. Muitos imigrantes traziam mudas junto com suas bagagens nos navios. Foi o caso do morango e até mesmo de um tipo de fruta insuspeita: a uva-itália, que apesar de ser italiana, como o nome entrega, pintou no Brasil por mãos japonesas, na década de 1940.
A coisa era mais fácil quando vinha por meios oficiais, via acordos de cooperação entre os dois países. De tempos em tempos, o governo nipônico liberava sementes para cultivo no Brasil, como as da maçã Fuji, em 1971. Junto com as comidas "inéditas", os japoneses trouxeram técnicas para ampliar a escala de produção de gêneros alimentícios já presentes no país, mas ainda restritos ao esquema de fundo de quintal, como o alface, o tomate, o chá preto, a batata e o emblemático exemplo da produção de frangos e ovos. A avicultura brasileira apenas ensaiava um vôo de galinha até a década de 1930. A atividade só decolou de vez com a importação de aves-matrizes do Japão e com a experiência dos imigrantes japoneses nas granjas.
Você gosta de amendoim japonês? E de Miojo? Adora uma salada temperada com Shoyu ou um pastel quentinho da feira? Mais do que simplesmente adicionar novas palavras, os japoneses acrescentaram novos sabores na culinária brasileira, o que fez com que palavras como caqui, cabochá entrassem definitivamente nos dicionários, cardápios e cadernos de receita por aqui.
Maçã Fuji: Fruta comum no Brasil que traz o Japão no nome
Além destas, o tofu, o pepino do tipo Aodai e o rabanete foram outros alimentos que aprendemos a comer com o pessoal do Japão. Eles começaram a vender os legumes, como rabanetes e pepinos, que plantavam em seus quintais para consumo próprio. O broto de feijão, muito utilizado no Brasil em saladas, também é de origem nipônica, conhecido como “moyashi”.
Uma curiosidade que muitos nem imaginam é que a plantação da soja no Brasil foi disseminada pelos imigrantes japoneses. Antes da chegada deles, ela era plantada em pequena escala na Bahia. Hoje é um dos grandes trunfos do agronegócio brasileiro, graças aos japoneses.
Na praia dos temperos e iguarias, os japoneses nos ensinaram a gostar de pimenta-do-reino (trazida por um chefe de embarcação que aportou aqui em 1933), a raiz forte (a pasta verde utilizada para degustar com peixe cru) e o Aji-no-moto (o tempero que realça o sabor dos alimentos é tipicamente japonês). Sem esquecer, é claro, do shoyu, o molho de soja japonês indispensável nas mesas brasileiras.
O molho Shoyu é feito à base de soja
Mas não foram só frutas e saladas que aprendemos a comer com os japoneses. Com eles aprendemos a gostar de alimentos desidratados que com água fervente e três minutos estão prontos e saborosos (nada mais prático), aprendemos também a comer com dois pauzinhos (os “hashis”, que acabam muitas vezes nos cabelos das brasileiras) e a tomar chá verde (para emagrecer, principalmente). Outra bebida japonesa que tem lugar cativo na adega dos brasileiros é o saquê, resultado incrível de um processo de fermentação do arroz.

Sem contar os próprios pratos tipicamente japoneses que experimentamos e adotamos como sushi, sashimi, yakisoba, temakisushi e sukiyaki.