Alimentos trazidos ao Brasil pelos
japoneses
Desde que chegaram por aqui,
em 1908, os japoneses se espalharam pelo país. Apesar de muitas famílias se
aglomerarem em colônias (como em São Paulo e no Paraná), depois de 100 anos de
imigração, há famílias japonesas vivendo do norte ao sul do país. Aos poucos
eles foram se misturando aos brasileiros e, assim, formaram famílias
nipo-brasileiras, que nos presentearam com milhares de nikkeis (cidadãos
brasileiros com descendência japonesa).
No total,
os japoneses trouxeram mais de 50 tipos de alimentos ao Brasil. Pensou em um
festival de sushis e sashimis? Pense maior. Os primeiros provavelmente foram as
variedades de caqui doce (por aqui só existia
uma versão adstringente da fruta, do tipo que “amarra a boca”), a abóbora do
tipo cabochá (aquela que usamos para fazer doces) e a maçã Fuji (o nome entrega
né? Chegou aqui em 1971). A mexerica poncã é quase uma fruta “nikkei”: é o
resultado do enxerto de um tipo de tangerina japonesa em um limoeiro do Brasil
e chegaram aqui nos anos 20.
Mas foi a
partir da década de 1930 que a maioria dos novos gêneros aportou por aqui. O
cenário era favorável aos agricultores japoneses: comprando ou arrendando lotes
de terras das fazendas cafeeiras falidas após a crise da Bolsa de Nova York, os
pequenos proprietários dedicaram-se a uma variedade de culturas que não eram
populares no Brasil. Muitos imigrantes traziam mudas junto com suas bagagens
nos navios. Foi o caso do morango e até mesmo de um tipo de fruta insuspeita: a
uva-itália, que apesar de ser italiana, como o nome entrega, pintou no Brasil
por mãos japonesas, na década de 1940.
A coisa era
mais fácil quando vinha por meios oficiais, via acordos de cooperação entre os
dois países. De tempos em tempos, o governo nipônico liberava sementes para cultivo
no Brasil, como as da maçã Fuji, em 1971. Junto com as comidas
"inéditas", os japoneses trouxeram técnicas para ampliar a escala de
produção de gêneros alimentícios já presentes no país, mas ainda restritos ao
esquema de fundo de quintal, como o alface, o tomate, o chá preto, a batata e o
emblemático exemplo da produção de frangos e ovos. A avicultura brasileira
apenas ensaiava um vôo de galinha até a década de 1930. A atividade só decolou
de vez com a importação de aves-matrizes do Japão e com a experiência dos
imigrantes japoneses nas granjas.
Você gosta de amendoim
japonês? E de Miojo? Adora uma salada
temperada com Shoyu ou um pastel quentinho da feira? Mais do que simplesmente
adicionar novas palavras, os japoneses acrescentaram novos sabores na culinária
brasileira, o que fez com que palavras como caqui, cabochá
entrassem definitivamente nos dicionários, cardápios e cadernos de receita por
aqui.
Maçã
Fuji: Fruta comum no Brasil que traz o Japão no nome
Além destas, o tofu, o pepino do tipo Aodai e o rabanete
foram outros alimentos que aprendemos a comer com o pessoal do Japão. Eles
começaram a vender os legumes, como rabanetes e pepinos, que plantavam em seus
quintais para consumo próprio. O broto de feijão, muito utilizado no Brasil em
saladas, também é de origem nipônica, conhecido como “moyashi”.
Uma curiosidade que muitos nem imaginam é que a plantação
da soja no Brasil foi disseminada pelos imigrantes japoneses. Antes da chegada
deles, ela era plantada em pequena escala na Bahia. Hoje é um dos grandes
trunfos do agronegócio brasileiro, graças aos japoneses.
Na praia dos temperos e iguarias, os japoneses nos
ensinaram a gostar de pimenta-do-reino (trazida por um chefe de embarcação que
aportou aqui em 1933), a raiz forte (a pasta verde utilizada para degustar com
peixe cru) e o Aji-no-moto (o tempero que realça o sabor dos
alimentos é tipicamente japonês). Sem esquecer, é claro, do shoyu, o molho de
soja japonês indispensável nas mesas brasileiras.
O
molho Shoyu é feito à base de soja
Mas não foram só frutas e saladas que aprendemos a comer
com os japoneses. Com eles aprendemos a gostar de alimentos desidratados que
com água fervente e três minutos estão prontos e saborosos (nada mais prático),
aprendemos também a comer com dois pauzinhos (os “hashis”, que acabam muitas
vezes nos cabelos das brasileiras) e a tomar chá verde (para emagrecer,
principalmente). Outra bebida japonesa que tem lugar cativo na adega dos
brasileiros é o saquê, resultado incrível de um processo de fermentação do
arroz.
Sem contar os próprios pratos tipicamente japoneses que
experimentamos e adotamos como sushi, sashimi, yakisoba, temakisushi e
sukiyaki.