Quando eu era criança ficava pensando como ser professor era mágico...
Me encantava com aquele jaleco branco e a capacidade de falar e ser ouvido por várias crianças.
Decidi na oitava série, aos 14 anos, que seria professora. E assim fiz o magistério, a pedagogia, a psicopedagogia e uma infinidade de cursos de formação e aperfeiçoamento.
Já são dezesseis anos de profissão, e ainda me encanto com o mundo da escola.
Mas percebi muito cedo que os profissionais da educação são subestimados em sua importância social e que, muitas vezes, só recebem algum destaque quando fazem algum milagre da ciência acontecer ou quando o stress da profissão lhes roubam a sanidade temporária e algo ruim acontece...
As pequenas conquistas diárias, o enfrentamento das péssimas condições de trabalho, a constatação da falta de interesse das famílias e do Estado na educação, as necessidades profissionais e méritos pessoais, ficam em último plano.
Prestígio social, só se ganharmos algum prêmio Nobel por sobrevivência...
Mas a quem interessa a educação?
Um povo pouco politizado é mais fácil de ser conduzido.
Um povo com memória curta é mais fácil de ser ludibriado por falsas promessas.
Um povo destituído de cultura é mais fácil de ser conquistado por qualquer vertente inovadora do estrangeiro...
Mas, o mundo ainda precisa de nós.
O problema é que a profissão está cada vez menos interessante para os mais jovens, e a renovação da rede de professores está sob constante ameaça de concurseiros...
Não tenho uma visão romântica da profissão e nem acredito em vocação.
Acredito em identificação com um ideal comum. Em muito estudo, dedicação e disciplina. Em fé no futuro.
Aos professores que fizeram parte da minha caminhada, meu muito obrigada!
Aprendi a ser quem sou com os maravilhosos exemplos que tive.
Tanto os que segui, quanto os que me atentei para não seguir.
Aos meus colegas de profissão, meus parabéns pela determinação em continuar enxergando oportunidade onde nem os pais das crianças percebem qualquer possibilidade de sucesso.
Aos futuros professores, meus votos de boa sorte e sucesso, pois precisamos estar muito lúcidos e conscientes do nosso valor profissional, pessoal e social para tocarmos o Brasil para frente.
Andréia Dias